René Goscinny: Biografia

Goscinny nasceu em Paris, França, a 14 de Agosto de 1926. Descendente de pais polacos, Stanisław Gościnny e Anna Bereśniak Gościnna, foi na capital francesa que os pais de René se conheceram e constituíram família, tendo aí nascido também, em 1920, o seu irmão Claude. Em 1928 a família muda-se para a Argentina, tinha então 2 anos quando chegou a Buenos Aires. Estudou no colégio francês da capital das pampas onde tinha por hábito fazer rir e divertir os colegas, talvez para compensar a sua timidez natural. Em 1943, após concluir o Liceu e já com 17 anos, o seu pai morre, vendo-se Goscinny obrigado a procurar emprego. Um ano depois encontra o seu primeiro trabalho como ajudante de contabilista numa fábrica de borracha tendo aí permanecido durante um ano. De seguida entra para uma agência de publicidade como desenhador júnior. No final da 2ª Guerra Mundial ele e a mãe, partem para os Estados Unidos juntando-se a um tio que aí residia.

A sua experiência como desenhador permite-lhe entrar para um escritório de exportação como secretário. Já em 1946 regressa a França para prestar o serviço militar obrigatório. Graças ao seu diploma (bacharel em Letras), à sua experiência como contabilista, desenhador e línguas, é lhe dado o posto de oficial alpino de segunda classe num batalhão de infantaria em Aubagne. De volta aos Estados Unidos retoma a sua actividade de desenhador. É director artístico numa editora de livros infantis (Kunen Publishers) onde escreve 4 livros para crianças. Durante este período conhece Morris (Maurice de Bevere) e Jijé (Joseph Gillain). Após a falência da editora retoma novamente o seu lugar de contabilista. Numa viagem a França é contratado como correspondente em Nova Iorque por uma agência de imprensa franco-belga. Em 1951 trava conhecimento com Uderzo (Albert Uderzo) e segundo Goscinny acabam-se os seus aborrecimentos. Abandona então o desenho pelo texto. Em 1955, juntamente com Jean-Michel Charlier, Uderzo e Jean Hébrad, criam a Edifrance que edita publicações como o Clarion ou a Pilote. É aliás na Pilote que nasce Astérix (criado com Uderzo) e outras series como Taguy e Laverdure, de Charlier e Uderzo. Sob o pseudónimo de Agostini escreve Le Petit Nicolas para Sempé (Jean-Jacques Sempé). Em Agosto de 1955 é publicado no semanário Spirou a primeira história de Lucky Luke escrita por Goscinny com desenho de Morris, Carris sobre a Pradaria (Des rails sur la prairie). Só em 1967 a serie sai da revista Spirou para a Pilote. A sua colaboração na revista Tintin inicia-se em 1956, aí juntamente com Dino Attanasio lançam Il Signor Spaghetti, com Bob de Moor Monsieur Tric, com Maurice Maréchal Prudence Petitpas, com Tibet Globul le Martien e Alphonse, com Berck Strapontin, e com André Franquin Modeste et Pompon. 

Em 1958 cria com Uderzo a serie Oumpah-pah, publicada na revista Tintin. Um ano depois, também com Uderzo, criam Astérix e Obelix serie publicada na revista Pilote. Retoma as series Le Petit Nicolas e Jehan Pistolet. É também em 1959 que cria juntamente com Godard Jacquot le Mousse e Tromblon et Bottaclou. Já em 1960 passa a editor chefe da revista Pilote quando esta é adquirida por Georges Dargaud. Inicia um conjunto de series novas: Les Divagations de Monsieur Sait-Tout com Martial, La Potachologie Illustrée com Cabu, e La Forêt de Chênebeau com Mic Delinx. Em 1962 cria com Jean Tabary, a serie Calife Haroun El Poussah para a revista Record, que mais tarde se viria a chamar Iznogoud e continuada na Pilote. Com Raymond Macherot criou Pantoufle para a revista Spirou. Em 1965 convida Gotlib a colaborar em Les Dingodossiers, também na Pilote. Algures em 1967 casa com Gilberte Pollaro-Millo de quem tem uma filha, Anne Goscinny, nascida em 1968 e que virá também a dedicar-se à banda desenhada como autora.

 Em 1972 e após um período prolifero em que a Pilote se tornou um laboratório de lançamento de novos autores como Gotlib, Reiser, Cabu, Bretécher, Mandryka, Druillet, Tardi, Giraud, Mézières, F'Murr, Fred, Bilal e outros, Goscinny entrega a direcção da revista Pilote a Guy Vidal, aproveitando um momento de renovação da revista com a saída de Gotlib, Bretécher, e Mandryka para L'Echo des Savanes. Dois anos depois cria os estúdios Ideafix com Uderzo e Georges Dargaud produzindo o primeiro filme de animação Os doze trabalhos de Astérix sai para as salas de cinema em 1976. É neste ano que sai o 23º álbum da serie com uma tiragem de 1.300.000 exemplares, Obélix et Compagnie.

Goscinny morre em Paris de ataque cardíaco a 5 de Novembro de 1977, com a idade de 51 anos, quando trabalhava com a equipa nos estúdios Ideafix no filme de animação A Balada dos Dalton. Transcrevemos uma entrevista publicada no L’Express de 22-28 de Julho de 1974 em que Goscinny afirmava «Tenho um grave defeito: sou exageradamente sensível, exageradamente susceptível. Gosto apaixonadamente que me apreciem. É isto uma grande fraqueza quando temos um oficio publico. Então, claro, sofri toda a espécie de ataques. Fizeram de mim o chantre do francês médio, xenófobo, patrioteiro. E ainda mais: racista, enquanto uma parte da minha família morreu em campos de concentração. São acusações que não suporto. Dezassete anos passados na Argentina, sete anos nos Estados Unidos, a recusa total de fazer qualquer outra coisa a não ser uma profissão de loucos, é a isto que se chama o protótipo do francês médio? Se é necessário pagar eu já paguei. Mas dizer que o êxito é difícil de suportar, não. Comigo concretizou-se aos trinta e oito anos e consegui recebe-lo calmamente. Andava tão sobrecarregado de trabalho, durante tanto tempo, que tive a oportunidade de me preparar para ele!».

Data Nascimento: 14-08-1926

Localidade: Paris

País: França

Faleceu: a 05-11-1977, com 51 anos, em Paris, França.

Fontes: http://en.wikipedia.org; www.bedetheque.com; revista Tintin edição portuguesa (nºs 26 e 35, 10ºano)