Martin Milan - o defensor dos oprimidos

Os Vagabundos da Selva foi uma das histórias que me levaram a entrar no culto da BD franco-belga.

Em Portugal começou a ser publicada no semanário Tintin durante o ano de 1973, no entanto, só em 1980 pude ler esta obra cheia de beleza e ternura, graças a um amigo que me emprestou os fascículos em cujas páginas estavam as 44 pranchas desenhadas por Christian Godard. Mais tarde foi editada em álbum pela Bertrand, sendo um dos três títulos publicados neste formato em terras lusas. 

O desenho, algo infantil e naif que Godard empresta à série, leva-nos ao engano, transmitindo num primeiro momento a imagem de uma história de conteúdo fácil e com pouca objectividade. Mas, quando entramos nos primeiros balões e nos apercebemos da beleza dos diálogos trocados entre as personagens, das expressões vincadas de cada uma delas e a força das onomatopeias usada para ilustrar momentos de tensão alicerçados em representações de seres humanos rudes e ásperos, começamos a inclinar-nos perante a magia de Godard, que nos envolve e seduz.

Martin Milan quis ser piloto, motorista de táxi aéreo, para ser livre, para mudar, para levar uma vida tranquila no meio de paisagens bucólicas. Até o seu avião, de nome "Velho Pelicano", uma antiga avioneta cujo dono anterior tem um acidente ao qual escapa milagrosamente, representa uma oportunidade de voltar à "vida", quando por vezes objetos e seres são descartados assim que o prazo de validade se aproxima do fim.

Martin Milan não quer ser heroi, mas caminha ao lado dos indefesos, é corajoso na defesa dos mais frágeis, escolhendo sempre o lados dos oprimidos contra o dos tiranos e abusadores.  

Deixamos aqui a obra completa desta série: