Geronimo: Escolher tornar-se adulto


De forma caricatural, Davodeau e Joub observam a sociedade de consumo, e a sua recusa, graças a uma bela história de adolescentes.

Escrevem, à sua maneira, um momento tocante, muitas vezes triste ou emocionante, às vezes dramático, desta "idade dos possíveis".
 Em Geronimo, o seu objetivo não é saber se um outro mundo é possível.

Ao contrário disso, esquecem os dogmas, e dão a ver, acima de tudo, uma história humana e o modo que Ben, Malo, Virgílio e Geronimo vão escolher para se tornarem adultos.
 É ao recordar-se da sua própria adolescência que Joub e Etienne Davodeau (Alguns dias com um mentiroso, editora Mundo Fantasma) nos narram este período tão particular da vida.
 Aos 16 anos, Geronimo foi educado pelo seu tio, longe do mundo. Na esteira de três amigos que decidiram levá-lo com eles, descobre as raparigas, a praia, o leite em pacote, Jesus! mas também o trabalho clandestino, os imigrantes ilegais...
Com humor, os autores retratam esses adolescentes que nos rodeiam e que também nós fomos. Ao mesmo tempo, oferecem-nos uma reflexão divertida sobre as nossas vassalagens e as nossas resistências ao mundo moderno e aos seus condicionalismos.

Ler Geronimo é pôr-se-nos a questão que todos os adolescentes se põem, inevitavelmente, num qualquer momento: Qual é o meu lugar neste mundo? É também - e principalmente - passar um bom momento com alegres jovens rebeldes.
 Todavia, por vezes, a atualidade assemelha-se à ficção. Em março de 2009, (mais de dois anos após o início do trabalho de Joub & Davodeau), a polícia encontra Xavier Fortin, que educou longe da "civilização" os seus dois filhos de nomes índios. 
Os grandes escritores são, muitas vezes, dotados de premonição ...